O que não pode faltar (nem sobrar) no seu currículo

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A maioria das equipes trabalha hoje em dia no limite da sua capacidade. A ordem, para o bem e para o mal, é fazer o máximo com o mínimo possível de recursos. Por esse motivo, quando surge uma vaga para analista ou programador – seja para reposição seja por expansão dos serviços – os recrutadores se vêem numa verdadeira gincana para encontrar rapidamente o profissional certo para a vaga.

Muita gente fala isso mas nunca é demais repetir: nessa hora, seu currículo tem que ir direto ao ponto se você quiser vender o seu produto.

A cabeça do recrutador

Eu tinha 5 vagas para preencher “para ontem”. A experiência me mostrava que para contratar 5 candidatos razoáveis, eu teria que ter uns 15 na última fase de seleção (uma prova). Para isso, eu precisava de uns 45 na fase anterior (uma entrevista técnica e uma entrevista gerencial). Para chegar nesse número, em situações ideais, eu deveria receber uns 450 currículos.

Sim, historicamente, em média, eram 10 currículos para cada candidato pré-selecionado para as entrevistas. As pessoas e empresas que te mandam os currículos querem mostrar eficiência e te mandam qualquer coisa. Já procurei programador Natural e recebi currículo de candidato que nunca tinha trabalhado com TI mas que era “Natural de Belo Horizonte”. Por isso a relação tem que ser de 10 para 1.

Aí eu pego um currículo onde o candidato dizia que se interessava por “vida extra e intraterrestre”. Nada contra. O cara pode se interessar pelo que quiser desde que tenha as habilidades necessárias para ocupar a vaga. Mas depois do trigésimo oitavo currículo você começa a ficar impaciente com algumas coisas que lê. Posso ter perdido um bom candidato e o profissional pode ter perdido uma vaga. Enfim…

Os erros mais comuns

Erros de português, fotos inadequadas (eu particularmente não gosto de currículo com foto nenhuma), papéis coloridos e/ou decorados, muitos elementos gráficos tipo bordas e ornamentos diversos, documento com muitas fontes, muita informação em muitas páginas… Tudo isso distrai e cansa o recrutador e consequentemente diminui as chances do candidato.

Mas existem outros erros mais sutis que também podem ser evitados. Colocar RG, CPF, carteira de habilitação e título de eleitor, por exemplo. O que o recrutador faria com essa informação? Se a política da empresa prevê a checagem desses dados, isso acontecerá num momento posterior.  No currículo isso só vai ocupar espaço e torná-lo maior do que o necessário.

Encher linguiça com dados comportamentais é outro problema. Todo mundo é “pro-ativo”, “gosta de trabalhar em equipe”, “tem facilidade de comunicação”, “bom relacionamento”… Não precisa dizer isso no papel. Provavelmente você vai falar alguma coisa parecida durante as entrevistas (não deveria, mas isso é assunto para outro artigo).

Também é desnecessário falar de seus interesses extra-profissionais. Você pode comentar isso durante a entrevista, se for perguntado, mas escrever que você se interessa por música, cinema, teatro ou vida em outros planetas tira o foco do que realmente importa para o recrutador naquele momento.

Outro erro muito comum é errar na quantidade de informações. Se você tem uma longa carreira profissional e uma extensa formação acadêmica, pode concentrar seu currículo apenas nos cursos mais relevantes para o momento atual da sua carreira, e nas últimas experiências profissionais. Se você está começando agora, pode mencionar mais cursos, certificações e toda a experiência profissional já adquirida. Se o currículo ficar com mais de duas páginas (e eu prefiro currículos com uma página apenas), pode começar a cortar alguma coisa.

O que não pode faltar

Tudo aquilo que o recrutador precisa nesse primeiro contato: nome completo, idade, endereço, telefone e e-mail; objetivo profissional (em uma ou duas linhas), formação acadêmica e nível de conhecimento de idiomas é o essencial qualquer que seja a carreira do candidato.

Na área de TI, o recrutador precisa ver se você tem conhecimento e experiência nas funções e nas tecnologias que a vaga exige. E aqui vale prestar atenção a dois detalhes importantes.

Quando falar sobre seus conhecimentos técnicos, procure ser o mais claro possível sobre o nível desse conhecimento. Nada pior que ler “experiência em Cobol, Natural, PL/I, Java e PHP” e durante a entrevista descobrir que PHP (que é o que o recrutador estava procurando) você só viu num cursinho de 6 horas do Udemy, ou usou “quase nada” nos seus empregos anteriores.

Quanto às atividades profissionais, também vale ficar atento à nossa tendência para supervalorizar nossas experiências. Se você ficou um ano e meio numa empresa de telefonia, não dá para acreditar que você tenha “desenvolvido o sistema de billing“. Se você ficou dois anos num banco, não dá para aceitar que você tenha “desenvolvido o sistema de conta corrente”. Você pode ter participado de grandes manutenções evolutivas nesses sistemas, mas é importante deixar tudo na perspectiva certa, para não passar a impressão de que você está tentando enrolar  o recrutador ou que você seja um mitômano egocêntrico.

Conclusão

Menos é mais. A elegância é simples. Entre falar pouco e falar demais, tente sempre ficar com a primeira opção.


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